Assunto: MANIFESTAÇÃO ACERCA DE
MATÉRIA PUBLICADA DIA 31/03/2011 pelo Jornal Moginews intitulada:
"Casal gay" entra na justiça para fechar igreja evangélica, acusando-a de homofobia"
Tendo em vista a grande repercussão em sites e blogs na internet da matéria publicada pelo jornal Moginews de Mogi das Cruzes-SP em função de entrevista que demos a sua repórter, Srtª Deise, quando nos encontramos na 2ª DP de Brás Cubas em Mogi, desejamos explicar como segue abaixo:
1) Eu e meu companheiro Thiago antes de viajarmos para Mogi das Cruzes para assumirmos como VOLUNTÁRIOS na Administração da futura CT Moriá, na sua Sede, no Sitio Xangrilá tivemos uma conversa por telefone com o Pastor Presidente Sr. Ivo Aparecida da Silva onde tratamos e acertamos que iríamos residir juntos e sozinhos numa das casas vazias do sítio, tendo em vista que a área abrangia 28 mil m2 e tinha lá construído várias casas que estavam vazias;
2) Para sairmos de Porto Alegre-RS entregamos nosso apartamento ao proprietário, vendemos nossos móveis e conseguimos juntar dinheiro para as passagens de avião, nenhum tipo de ajuda nos foi oferecido pela Igreja Esperança Viva;
3) Ao chegarmos em Mogi nos colocaram em uma casa sem chuveiro, com problemas hidráulicos e sem forro apesar de haver outras casas vazias em melhores condições de habitação;
4) Antes de viajarmos nos explicaram que a Igreja Esperança Viva tinha uma Comunidade Terapêutica funcionando há mais de 10 anos em Mogi das Cruzes-SP mas que esta havia sofrido a fiscalização do Ministério Público e da Vigilância Sanitária tendo em vista a apuração de denúncia e conseqüentemente teve que encerrar suas atividades pois não havia conseguido realizar as providências exigidas pelos referidos órgãos tendo inclusive o MP limitado o atendimento para apenas 4 pacientes caso a entidade desejasse manter aberta suas instalações;
5) O Pastor presidente da Igreja Esperança Viva nos informou que havia decidido se atualizar e adaptar-se as novas exigências legais apesar de não concordar com as novas Políticas de Atendimento a Dependentes Químicos ora vigentes no Brasil e que entendia que a visão Evangélica e o caráter confessional era o melhor viés para recuperar drogados mas que com a nossa vinda seria possível orientar toda a sua Comunidade Religiosa para as mudanças necessárias a serem implementadas tanto a nível infra-estrutural quanto no atendimento na internação de drogadictos numa nova CT em novo local, mais adequado a sua manutenção;
6) O Pastor Presidente Sr. Ivo Aparecida da Silva nos informou do novo local onde seria instalada a nova CT Moriá, num Sítio, de 28 mil m2, com várias casas, salões, cozinhas industriais, 4 piscinas, etc., o que consideramos uma iniciativa viável e daí em diante ficamos extremamente motivados a ajudar a igreja solicitante;
7) Propusemos-nos a ajudarmos voluntariamente a Igreja Esperança Viva a estruturar tecnicamente e fisicamente as instalações do Sítio Xangrilá para adaptarmos suas instalações as regras da ANVISA e da Secretaria Nacional Sobre Drogas, o que fizemos durante 3 meses;
8) Tentamos promover a reciclagem e a atualização da política de atendimento de dependentes químicos no que diz respeito aos seus Direitos e Deveres, Leis em Geral, Direitos dos Pacientes, etc. mas nunca conseguimos reunir seus membros para tal fim tendo em vista a falta de interesse sobre o tema, a Igreja sempre demonstrou total falta de interesse nas novas regras e procedimentos ora em vigor;
9) Tendo em vista nossa insistência nas novas regras e na necessidade dos membros da Igreja Esperança Viva de se adaptarem as Legislações Vigentes e nossa insistência nestas propostas, afinal era por isto que estávamos lá, houve o início de um clima contrário a nossa presença e passamos a sentir por parte da Igreja atitudes de agressão moral contra nós e nossa convivência entre eles tornou-se insuportável tendo em vista o mal estar entre nós;
10) É importante lembrar que a Comunidade Terapêutica anterior que estava sendo fechada tinha sofrido denúncias de maus tratos junto ao MP e isso provavelmente ocorreu pela falta de habilidade/sensibilidade das pessoas que atendiam os dependentes químicos sob sua guarda, utilizando-se de métodos antiquados e superados, obrigando-os a seguirem diretrizes de recuperação baseadas somente na laborterapia (trabalho) e nada mais, causando revolta e indignação nos pacientes. Hoje as novas propostas exigem todo um diverso cronograma de atividades para pacientes em CTs e velhas Comunidades Terapêuticas estão sendo fechadas as dezenas em todo o Território Nacional por órgãos fiscalizados do Estado, exatamente por não se adaptarem as novas exigências que se norteiam principalmente nos Direitos Humanos, não à descriminação religiosa, sexual ou de pensamento;
11) Nos últimos dias de nossa estada no Sítio Xangrilá, dependências da futura CT Moriá, nos impuseram a obrigatoriedade de residirmos com outros colaboradores e futuros pacientes. Neste momento, durante uma reunião com vários presentes nos indispomos com o Pastor Presidente e o lembramos de nosso acordo, o de residirmos sozinhos dentro das instalações. Explicamos sobre nosso relacionamento afetivo, entre eu e o Thiago, e de nossa necessidade de nos mantermos isolados do resto do grupo, exatamente para evitarmos ferirmos as sensibilidades evangélicas dos muitos colaboradores tendo em vista nosso relacionamento homoafetivo;
12) Neste momento que o Pastor Presidente e vários membros da Igreja, da Diretoria atual e a esposa do Pastor Presidente, Irmã Ana, afirmam que a Igreja não poderia aceitar mais nossa presença em seus estabelecimentos pois não poderiam aceitar nossa relação homossexual. O Pastor neste momento explica que já que estaríamos “confessando” tal fato só restava a ele pedir que partíssemos o quanto antes;
13) No dia seguinte ao fato recebemos a visita do filho do Pastor Presidente, Sr. Neto e seu sobrinho, Sr. Alexandre que vieram nos avisar que tínhamos exatamente 5 dias para deixarmos o local;
14) No dia seguinte saímos do sítio, algumas horas depois recebemos a ligação em nosso celular do Sr. Marconi, membro da atual diretoria da Igreja Esperança Viva, nos avisando que haviam retirado nossos pertences do interior da casa onde residíamos e que se quiséssemos podíamos até trazer nosso advogado junto, mas que não voltaríamos para a casa e que só nos seria permitido retirar do chão nossas coisas e pegar nossos gatos que haviam se evadido na mata;
15) Amigos foram até o sítio com o Thiago André, meu companheiro, e encontraram a casa que residíamos totalmente vazia, a porta de nosso quarto arrombada, no escritório as nossa gavetas fechadas a chave tinham sido arrombadas, e nossos pertences pessoais e computador estavam do lado de fora;
16) Trouxeram tudo para a residência de uma amiga e constatamos que o computador havia sido aberto e o seu processador retirado da placa-mãe e suas agulhas tinham sofrido fortes amassamentos tornando inoperante o chip;
17) Não recebemos nenhum tipo de ofício ou carta nos informando que deveríamos ir embora e que não necessitavam mais de nossa colaboração e de um momento para outro estávamos sem residência, na rua, sem nenhum tipo de assistência, sem computador, e principalmente, sem recursos financeiros para locarmos uma residência.
Estes são os fatos.
Registramos BO no DECRADI – Delegacia de Delitos Raciais e de Intolerância, no Disque 100 Homofobia, no MP do Estado de São Paulo, e na Secretaria Nacional dos Direitos Humanos
Carlos Roberto Neher Fone: (11) 6866-9958 carlosneher2010@windowslive.com
Thiago André Santos da Rocha (11) 7103-1754 nickroyale00@gmail.com
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